No decurso dos setenta anos de existência, a UNESCO dinamizou as suas actividades relativas às ciências num contexto marcado por uma dualidade entre o conhecimento e o progresso científico e o bem-estar da humanidade. No entanto, ao longo deste período, a ação da UNESCO teve sempre por base os objectivos e funções contidas no artigo primeiro do seu Acto Constitutivo (1945), que refere o seguinte:
A Organização tem por finalidade contribuir para a manutenção da paz e da segurança, mediante o incremento, através da educação, da ciência e da cultura, da colaboração entre as nações, a fim de assegurar o respeito universal pela justiça, pela lei, pelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais que a Carta das Nações Unidas reconhece a todos os povos do Mundo, sem distinção de raça, de sexo, de língua ou de religião.
No acrónimo da UNESCO, o “S” de ciência (em Inglês, Science) foi introduzido já no final da Conferência que estabeleceu a Organização (Londres, Novembro de 1945), por se considerar unanimemente a importância desta no desenvolvimento das sociedades. Desde então, as ciências tomaram um lugar próprio no seio do trabalho da UNESCO de modo a se construírem novas formas de cooperação internacional para a paz e para o desenvolvimento.
De realçar, ainda, que a UNESCO é a única instituição do Sistema das Nações Unidas em que o seu nome faz menção à ciência e que desde a sua criação procurou estabelecer contactos oficiais com as sociedades científicas internacionais, de promover a cooperação científica para lá das fronteiras nacionais, das ideologias e das especificidades culturais, assim como reunir os cientistas e todos aqueles que estejam interessados nas aplicações da ciência. Esta Organização tem feito, igualmente, a ponte entre as várias correntes científicas e dinamizado projectos científicos de grande envergadura, trabalho esse desenvolvido logo no início da sua actividade, ou seja, ainda antes de começarem a ser debatidos conceitos como Ecologia e Ambiente.
A UNESCO diferencia-se das outras instituições especializadas do Sistema das Nações Unidas, pela dimensão das suas actividades no domínio dos conhecimentos humanos, como pode ser entendido pelo seu nome: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Na actualidade, o campo das suas responsabilidades é mais vasto, pois abrange, igualmente, a Comunicação e as Ciências Sociais.
Mas, hoje em dia, para além de ser conhecida pelas suas campanhas de alfabetização e pelos sítios classificados como Património Mundial, a Organização é também uma referência na área científica, graças aos programas científicos que promove e que estão ao serviço da sociedade, e por trabalhar de forma a que o progresso científico e tecnológico seja um direito da humanidade, colocando o ser humano no centro das prioridades das ciências, ou seja, que a ciências e a tecnologia estejam ao serviço do bem-estar de todos os habitantes do planeta Terra, na eliminação da pobreza e de assegurar um desenvolvimento sustentável para todos.
Para a UNESCO é vital o papel dos cientistas na sociedade e a noção de sociedade do conhecimento reflecte-se nas políticas e no debate promovido pela Organização, sendo que essa noção vincula o investimento em educação ao longo da vida para todos, em pesquisa, em novas tecnologias, em desenvolvimento da informação e em sociedades de aprendizagem justas.
Assim para a UNESCO, o grande desafio do nosso tempo é o de criar um mundo em que todos os cidadãos vivam em paz e com dignidade num ambiente acolhedor que se empenhem em defender. Para responder a este desafio são necessários: vontade política, apoio público e ciência.
A UNESCO ao promover junto dos seus 195 Estados membros o Dia Mundial da Ciência ao serviço da Paz e do Desenvolvimento (10 de novembro), tem reiterado nas mensagens dos seus diferentes Directores Gerais que a sua visão da ciência é promotora do desenvolvimento económico, social e cultural das nações e dos povos na perspectiva da paz e de um desenvolvimento sustentável, apelando ao papel crucial dos cientistas, dos professores e educadores e dos jornalistas. Estes últimos poderão contribuir para a chamada de atenção para os atributos positivos e as consequências benéficas da investigação e do conhecimento científico.