worldwaterreport2020

22 de março de 2020

"A água será mais importante do que o petróleo neste século". A previsão do antigo Secretário-Geral das Nações Unidas Boutros Boutros-Ghali, em 1994, tem hoje um eco alarmante.

Os recursos hídricos estão de facto em risco, tanto em quantidade como em qualidade, sobretudo porque as alterações climáticas, que já se fazem sentir, aumentam o risco de escassez.

Este Dia Mundial da Água salienta estas relações entre o problema da água e o do aquecimento global.

O acesso à água e ao saneamento básico é crítico em muitas partes do mundo. Hoje em dia, 4 bilhões de pessoas vivem na penúria devido à falta de acesso à água. Os estudos prevêem que, até 2050, com a aceleração do aquecimento global, este problema se agrave, ao ponto de 52% da população mundial poder vir a morar em áreas sujeitas a um stress hídrico. As primeiras vítimas dessas carências serão as raparigas e as mulheres, facto que pode aumentar ainda mais o nível de desigualdades mundiais.

Ora, uma crise hídrica é uma crise global: a educação de qualidade ou o desenvolvimento de sociedades mais prósperas e justas são objetivos que não poderão ser alcançados sem um acesso sustentável à água. A história é prova disso: na China ou no Médio Oriente, os grandes rios (Yang-Tzé-Kiang, Nilo, Eufrates) permitiram o desenvolvimento das primeiras grandes civilizações agrárias e urbanas.

Face a esta urgência, a década que se inicia deve ser a década da ação. A UNESCO, enquanto espaço de reflexão mundial por excelência, responde desempenhando um papel especial nesta matéria. Foi com este espírito que acolhemos, no passado dia 24 de fevereiro, a abertura da 52ª Assembleia Plenária do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

É no mesmo espírito que o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, publicado pela UNESCO em colaboração com a família ONU-Água, irá centrar-se nas alterações climáticas. Apresentará soluções concretas para garantir o acesso à água para todos: melhorar a gestão dos recursos hídricos, mitigar a gestão dos riscos relacionados com a água e proporcionar um acesso mais facilitado e mais sustentável ao saneamento.

No entanto, esta mobilização pelo planeta e pela água só será eficaz, a longo prazo, se contarmos com a plena adesão das gerações futuras. Este é o objectivo da educação ambiental - que é também uma educação para a água, para aprendermos a geri-la e a preservá-la melhor. A UNESCO apelou aos seus Estados-Membros para integrarem estas questões nos seus curricula de ensino, desde o jardim-de-infância à primária, e irá fornecer-lhes os seus conhecimentos técnicos para o efeito.

É este o sentido que a UNESCO reconhece a este Dia: não se trata apenas de fazer uma avaliação alarmante da situação actual, trata-se também de passar à ação. Assim, neste dia, convidamos os Estados, a sociedade civil e cada indivíduo a mobilizarem-se pelo ouro azul, que Antoine de Saint-Exupéry, na obra “Terre des Hommes”, descrevia da seguinte forma: "Água, tu não tens gosto, nem cor, nem aroma; não podes definir-te, Saboreamos-te sem te conhecermos. Tu não és necessária à vida: tu és a própria vida.”

 

Saiba mais em: https://en.unesco.org/commemorations/waterday

 

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