As estatísticas dão que pensar: nos últimos 10 anos, pelo menos 881 jornalistas foram mortos em todo o mundo, pelo simples facto de terem dito a verdade. Só em 2019, até ao momento, já morreram 44 jornalistas. Quase 9 em cada 10 crimes ficaram impunes.

A UNESCO envida esforços para prevenir estas tragédias, promovendo um ambiente seguro para os jornalistas e para os trabalhadores dos media, nomeadamente através do Plano de Ação das Nações Unidas sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade.  No entanto, quando o pior acontece, a UNESCO apela à responsabilização dos culpados pelas mortes de jornalistas.  Combate a impunidade no terreno, formando juízes e membros do poder judicial, cooperando com os tribunais de direitos humanos e trabalhando com os governos para criar mecanismos nacionais de procedimento judicial.

Estas ações contam ainda com o apoio de um novo Fundo Mundial de Defesa dos Media, criado pelo Reino Unido e pelo Canadá e administrado pela UNESCO.  Este Fundo complementa o trabalho já realizado pela UNESCO para combater a impunidade em todo o mundo, nomeadamente através do Programa Multidoadores para a Liberdade de Expressão e a Segurança dos Jornalistas e do Programa Internacional para o Desenvolvimento da Comunicação (PIDC). Contribuirá, em particular, para fomentar a cooperação jurídica e apoiar a continuidade do trabalho iniciado pelos jornalistas assassinados.

Este ano, o dia 2 de novembro, Dia Internacional para o Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, centra-se nos jornalistas locais. Através da campanha #KeepTruthAlive, questiona-se a ideia de que os assassínios só acontecem longe dos olhos do público e visam principalmente os correspondentes estrangeiros em zona de guerra. A atenção recai sobre os jornalistas locais que trabalham em matérias de corrupção e política, fora de situações de conflito, que representaram 93% das mortes de jornalistas na última década.

A UNESCO responsabiliza todos aqueles que colocam os jornalistas em risco, todos aqueles que matam jornalistas e todos aqueles que nada fazem para acabar com esta violência. O assassínio de um jornalista nunca deve significar o fim da procura da verdade.

Audrey Azoulay

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