As Ciências da Terra estudam as rochas que afloram à superfície da Terra e no seu interior, procurando compreender a história do planeta e a sua estrutura. Tentam decifrar, a partir dos registos nas rochas, tudo o que aconteceu no passado, desde a origem e formação do Sistema Solar até à actualidade, a sua estrutura e as sucessivas transformações dos elementos que a compõem. Procuram, sobretudo, compreender os processos que criaram os minerais, as rochas e os fósseis, como se formaram os solos e mesmo, a própria vida. As Ciências da Terra ocupam, assim, um lugar particular dentro das Ciências Naturais e representam uma área do conhecimento essencial na compreensão do equilíbrio e da complexidade do Sistema Terrestre do qual todos dependemos. Esta realidade permite-nos saber que as investigações dos geocientistas ajudam-nos a perceber a dinâmica do planeta Terra, nomeadamente as interacções entre a Terra, vida, água e ar na construção de todo o Sistema Terrestre, contribuindo ainda para descobrir e produzir conhecimento sobre os recursos naturais existentes, dos quais a toda a humanidade depende para a sua sobrevivência no planeta Terra.

Ao nível dos riscos ambientais, as Ciências da Terra são indispensáveis, comoforma de explicação e de previsão desses riscos. Inundações, avalanchas, deslizamentos de taludes, radiações naturais, sismos, erupções vulcânicas são alguns dos fenómenos que regularmente afectam populações, cuja avaliação e monitorização são cada vez mais objecto de investimento por parte das organizações estatais.

Deste modo, os geocientistas são interpelados pela sociedade para terem um novo papel e responsabilidades que muitas vezes extravasam a sua experiência disciplinar específica, tendo por função demonstrar também como é possível conviver com desastres naturais e contribuir para minimizar as perdas económicas e de vidas humanas deles decorrentes e de estimularem o uso racional do recursos naturais, nomeadamente através da educação. Mas promover uma educação científica com propósitos de promoção de um desenvolvimento sustentável requer intervenções educativas inovadoras que mobilizem conhecimento em Ciências da Terra, capazes de tornarem os cidadãos mais aptos a enfrentarem problemas ambientais, bem como a tomarem decisões quotidianas, fundamentadas e responsáveis.

A UNESCO com os seus Programas Científicos, na área das Ciências da Terra, da Biodiversidade, da Oceanografia, da Hidrologia, entre outros, procura divulgar o enorme potencial dos cientistas na procura de soluções para os problemas ambientais que enfrentamos no século XXI, e incentivar para uma maior reflexão por parte da sociedade para esses mesmos problemas.

Mas todo este processo de consciencialização exige mudanças abruptas, as quais sem um acompanhamento nas áreas da educação, da ciência e do ambiente, criam tensões e estão na origem de muitos problemas. Destes últimos, destacam-se a degradação acentuada dos recursos naturais, nomeadamente das águas doces e costeiras, das florestas e a perda da biodiversidade, entre outros. Assim, é necessário estimular e reorientar a educação, seja ela formal, não formal ou até informal, com vista a formar cidadãos informados, participativos e comprometidos com a sua quota-parte de responsabilidade na promoção de um desenvolvimento sustentável

Mas para mudar comportamentos e atitudes é necessária uma informação em contexto, que explique as causas e as consequências dos problemas ambientais actuais e as suas possíveis soluções, isto é, torna-se urgente mobilizar conhecimentos de várias disciplinas, para redireccionar o actual caminho de insustentabilidade em que se conduz o desenvolvimento na maior parte das sociedades.

Cabe aos Cientistas, quer das áreas Exatas e Naturais, quer das Sociais e Humanas, demonstrar que as Ciências podem contribuir para essa mudança de comportamentos e para uma maior consciencialização. Tal realidade será possível através de campanhas de informação e de actividades de divulgação que promovam o debate e a participação efectiva na solução dos problemas ambientais relacionados com os desequilíbrios nos sistemas naturais, contribuindo assim para a tomada de decisões fundamentadas e responsáveis por parte dos cidadãos, visando a mitigação dos referidos problemas e estimulando uma cidadania activa, construtiva e de co-responsabilização.

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